Os molinetes eram preparados antes de o sol nascer e às
quatro horas da manhã já estávamos a postos no Xavantino, o generoso afluente
do grande rio. O cacique José Miguel, da tribo Tapirapé, nos acompanhava mas
preferia ficar em cima de uma pedra e pescar com arco e flecha. Com admirável
precisão, raramente perdia um lance.
Nós também, embarcados, depois de alguns arremessos de
treino, costumávamos acertar os tucunarés na sua hora de pasto, quando a aurora
começava. Às dez da manhã, o sol já estava forte e abríamos as primeiras latas
de cerveja. Ao meio dia, aportávamos na sombra e assávamos alguns peixes para o
almoço. Só poderíamos voltar a pescar no fim da tarde porque o sol era forte e
o calor imenso.
O Araguaia é um rio de paisagens belíssimas. Seu nome
significa Rio das Araras Vermelhas,
na lingua tupi. Nasce na divisa de Goiás e Mato Grosso e no Pará encontra-se
com o Tocantins. Tem sofrido com a ocupação desordenada e com a Hidrelétrica de
Tucuruí, que impede a desova dos peixes. Mas havia peixes, havia manhãs naquele
tempo.
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