No bar ao lado do mercado, na pequena cidade francesa, um
casal está sentado a uma mesa, ela bebe vinho rosé, ele cerveja. É o princípio
do outono, as folhas dos plátanos estão amarelecidas e já começaram a cair.
Ambos passaram um pouco da meia idade, ele usa um pequeno brinco na orelha
esquerda, ela não consegue disfarçar a dentadura e tem os cabelos desarrumados.
Ele acaricia as suas mãos e depois, com surpreendente
agilidade, tira papel e fumo do bolso da camisa e faz um cigarro, como se fazia
antigamente. Tem um nariz grande e vermelho, é magro e inquieto, bebe sem
parar. Ela olha para ele apaixonadamente.
A tarde tem um tom cinzento, há pouca gente na rua. Os
bandos de estorninhos negros e barulhentos já começaram a chegar e procuram entre
as folhas das árvores um lugar para passar a noite. O bar está quase vazio, a
mulher continua a olhar para o homem e de súbito começa a chorar discretamente,
um choro constrangido, como se não quisesse chorar mas não podia evitar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário