Um pouco depois da seis da manhã, cruzo com ele na Nossa
Senhora de Copacabana. Sua calça jeans bem suja teimava em escorregar para
baixo, o que o obrigava a tirar as mãos dos bolsos para levanta-la. Andava de
cabeça baixa, olhar no chão, vestia um pulover velho, fazia frio como costuma
fazer no começo do dia nesses meses de inverno em Copacabana.
Tinha dificuldade de andar em linha reta, balançava o corpo
de um lado para o outro pois era gordo e as pernas pareciam fracas. Virava o
rosto para um lado e para o outro da calçada como se procurasse alguma coisa.
Parou diante de uma lixeira, olhou para dentro e depois retomou a caminhada
lenta e sem ritmo, indecisa.
O empregado de um botequim lavava a calçada, o que o fez
desviar-se para o limite do meio-fio. Devia ter pouco mais de oitenta anos, ou
menos, talvez. Em frente aos fundos do Copacabana Palace, olhou para a direita,
viu que não havia trânsito naquela hora e atravessou lentamente a rua.
Um comentário:
Acordei com uma tristeza grande na alma. Essas são as cenas que alimentam essa minha tristeza.
C
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