domingo, 29 de abril de 2018

Réquiem sem música




Réquiem sem música

Edna St. Vincent Millay
Trad. Celso Japiassu


Não estou resignada em se encerrarem corações amantes no áspero chão.
É assim, e assim será pois sempre foi assim pelos tempos afora:
Na escuridão eles partem, os sábios e os gentis. Coroados
de lírios e de louros eles se vão; mas não estou resignada.
Amantes e pensadores estão dentro da terra contigo.
Juntos com a poeira inútil e opaca.
Um pouco do que sentias, do que tu sabias,
Uma fórmula, uma frase permanecem – mas o melhor está perdido.
As respostas rápidas e sábias, o honesto olhar, o riso, o amor, –
Eles se foram. Eles foram alimentar as rosas. Elegante e sinuosa
é a flor. Perfumada é a rosa. Eu sei. Mas não estou de acordo.
Mais preciosa era a luz em teus olhos do que todas as rosas do mundo.
Dentro, dentro, dentro da escuridão da tumba
Suavemente eles se vão, o belo, o terno, o gentil;
Quietamente eles se vão, o inteligente, o sábio, o bravo.
Eu sei. Mas não estou de acordo. E não estou resignada.


Dirge Without Music 

I am not resigned to the shutting away of loving hearts in the hard ground.
So it is, and so it will be, for so it has been, time out of mind:
Into the darkness they go, the wise and the lovely.  Crowned
With lilies and with laurel they go; but I am not resigned.

Lovers and thinkers, into the earth with you.
Be one with the dull, the indiscriminate dust.
A fragment of what you felt, of what you knew,
A formula, a phrase remains,—but the best is lost.

The answers quick and keen, the honest look, the laughter, the love,—
They are gone.  They are gone to feed the roses.  Elegant and curled
Is the blossom.  Fragrant is the blossom.  I know.  But I do not approve.
More precious was the light in your eyes than all the roses in the world.

Down, down, down into the darkness of the grave
Gently they go, the beautiful, the tender, the kind;
Quietly they go, the intelligent, the witty, the brave.
I know.  But I do not approve.  And I am not resigned.


Edna  St. Vincent Millay, “Dirge Without Music” from Collected Poems © 1928, 1955 by Edna St. Vincent Millay and Norma Millay Ellis. Reprinted with permission of Elizabeth Barnett and Holly Peppe, Literary Executors, The Millay Society.
Source: Collected Poems (HarperCollins, 1958)


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