Tempo frio e a chuva fina cobrem de
cinzento as ruas da cidade. O velho se desloca pelas calçadas estreitas na
direção do bar. As árvores verdejantes lembram que a primavera está presente em
todas as plantas, em todos os jardins, na juventude em que a natureza, uma vez
mais, desperta para outro ciclo do tempo. As meninas do colégio passam pela
praça larga na direção de algum lugar onde a alegria continuará a transbordar dos
sorrisos.
A memória persegue o velho que tenta olhar
para o futuro. Existem amarras onde a vida se ancora e há sempre algum esforço
para desatá-las e continuar a navegação. Pois o passado dificulta o renascer da
vida. No entanto há brisa após a chuva, o vento desamarra a lembrança e existem
as paisagens, a surpreendente descoberta dos segredos.
Uma passagem pelo serpentear do rio, como
se fosse o espelho das curvas da existência, no acaso em que habitam todos os
seres vivos, a beleza das coisas, a inútil compreensão do mundo e todos os
calafrios. Por fim o bar quase vazio, a paz da meditação serenando os espíritos
inquietos que nunca deixaram de acompanhar o velho desde sua mais antiga
infância.
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