quarta-feira, 9 de maio de 2018

O velho e o tempo



Tempo frio e a chuva fina cobrem de cinzento as ruas da cidade. O velho se desloca pelas calçadas estreitas na direção do bar. As árvores verdejantes lembram que a primavera está presente em todas as plantas, em todos os jardins, na juventude em que a natureza, uma vez mais, desperta para outro ciclo do tempo. As meninas do colégio passam pela praça larga na direção de algum lugar onde a alegria continuará a transbordar dos sorrisos.

A memória persegue o velho que tenta olhar para o futuro. Existem amarras onde a vida se ancora e há sempre algum esforço para desatá-las e continuar a navegação. Pois o passado dificulta o renascer da vida. No entanto há brisa após a chuva, o vento desamarra a lembrança e existem as paisagens, a surpreendente descoberta dos segredos.

Uma passagem pelo serpentear do rio, como se fosse o espelho das curvas da existência, no acaso em que habitam todos os seres vivos, a beleza das coisas, a inútil compreensão do mundo e todos os calafrios. Por fim o bar quase vazio, a paz da meditação serenando os espíritos inquietos que nunca deixaram de acompanhar o velho desde sua mais antiga infância.



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