O sono demora e há sombras na parede do
quarto. O olhar tomba na meia-escuridão e o pensamento explora regiões
assombradas, ventos estivais, fantasmas adormecidos. Há também sons
imaginários, paisagens desenhadas de angústia e um interminável cansaço que aos
poucos distende o corpo e provoca o mergulho da noite.
Sonhos que se misturam ao que parece
realidade mas que são apenas pequenos delírios, quedas no abismo, respirações
suspensas, sustos. Convites à vigília que angustia crianças despertas em
lágrimas. Elas investigam a perda da própria infância, imaginam o que resta de
desilusões.
E há também o som confuso das águas,
torrentes de espuma a inundar sombras e o que restou do fogo dos incêndios.
Algo que nunca termina, tem o brilho de dores insondáveis, da eterna música que
acompanha a vida, a morte e o gozo das coisas para sempre findas aos olhos do
menino.
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