Os puros e sem vícios são às vezes cheios
de amargura porque tentam mudar o mundo para faze-lo melhor, à sua imagem e
semelhança. E fracassam. E não são tolerantes com as fraquezas e limitações próprias
da humanidade. O comportamento humano os decepciona e angustia.
Os derrotados da virtude, ao contrário,
mostram o que somos em nossos limites. Marcelinho Cachaça foi um dos
cavalheiros mais nobres que conheci, assim como Dudu Garcia, Gelon Siqueira e
Manuel Amaral. Alcoólatras desesperados, disfarçavam sua tristeza numa alegria
divertida, no riso cristalino e na irônica sabedoria.
Dudu, a quem nenhuma mulher conseguia
resistir. Gelon e a sua voz rouca que o violão acompanhava em canções belas e
dolorosamente sofridas. Amaral era um fascinante contador de histórias que
ninguém apostaria ser verdade ou ficção. Doka, outro dos bêbados sábios com
quem convivi, certa vez me disse, citando quem não se lembrava, que
embriagar-se anima nossa loucura e nos transporta a regiões supremas onde somos
mestres do nosso próprio destino.
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