Uma
brisa suave lembrava o sopro de coisas mortas em repouso, como lembrança da
vida que ali tinha existido antigamente. De tão leve, era incapaz de levantar a
poeira finíssima que quase cobria os móveis e os objetos de uma casa que um dia
fora banhada de ventania. Depois, na calma que viera, nada se movia, apenas o
pó suspenso pelo ar das frestas obscuras.
Nessas
paragens quietas, insetos lembravam gotas d’água, viam-se nuvens construindo um
céu de chumbo e a pouca luz montava a moldura de retratos improváveis. A sombra
esmaecia restos sem brilho, breve claridade fria como o vento de um país
gelado.
Lá,
nessas paragens estranhas, uma criança crescia e olhava em sua volta, procurava
enxergar além desse horizonte de chumbo e descansava a cabeça numa pedra
escurecida. Como se fosse apenas um reflexo, uma réstia dessa luz perdida que
se pode encontrar em paredes desenhadas pelo tempo.
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