Névoas. Uma névoa de sono se aproxima e a criança sente-se mergulhar em áreas desconhecidas, inconscientes, acinzentadas. Uma paisagem se destaca, nela os animais passeiam lentamente, aproximam-se uns dos outros em ritmos marcados pela chuva umedecendo a terra.
Os habitantes prosseguem na sua marcha sob aquela chuva tentando adivinhações, buscam entender os sons que escutam misturados a notas musicais que se calam e de novo recomeçam. Acompanham as curvas descampadas, seguem para o lado assoprado pelo vento, buscam compreender os vultos indefinidos.
O sol tenta alguns raios de claridade mas não consegue ultrapassar a névoa nem os ambientes cinzas, úmidos e dispersos. Os dias estão enfraquecidos pela brisa, os bichos paralisados, surgem sortilégios, presságios, recordações. O homem procura sentido nas premonições e nas metáforas da vida. Neste país onde os dias são muito breves, o longo anoitecer traz consigo pesadelos e a própria noite antecede o mergulho sem fim no interior das trevas.
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