O sentimento marcante da
vida não é a aspiração do infinito mas, ao contrário, a sensação de que todas
as coisas são finitas, fugidias, transitórias. Nada existe para durar, pois a
vida é simplesmente um momento antecedendo a morte. E não haverá recomeço ou
antevisão de nuvens acompanhadas de ventos alísios de esperança. A eternidade é
um momento fugaz na embriaguez das almas.
Nascemos para completar um ciclo de reprodução da espécie. A
existência tem uma data de vencimento que nós próprios ignoramos. E somos
lançados na vida incapazes de andar, falar e enxergar com clareza, dependentes
e perplexos. Nossa primeira manifestação é o pranto.
Somos uma espécie de macaco nu, feroz, que destrói a si
mesma e conseguiu o domínio da tecnologia para dominar o mundo e escravizar as
outras espécies. Nascemos para a brutalidade, para a divisão entre classes e a destruição
do planeta que habitamos. Não há saída para o homem, há somente a perspectiva e
a incompreensão da sua própria finitude.
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