segunda-feira, 22 de agosto de 2016

A língua mãe


Fernando Pessoa dizia que sua pátria era a língua portuguesa. As primeiras palavras ouvidas por uma criança começam a construir seu mundo emocional e vai ser nesta língua que ela vai compreender a realidade e viver os sonhos. Falar outra língua que não aquela que construiu a infância é como penetrar em território estranho. Por mais que dele se tenha intimidade algo permanece distante, talvez inalcançável.

Podemos aprender a pensar em outra língua mas nela os sonhos são raros. Há uma linguagem na qual sonhamos e será sempre aquela na qual aprendemos a balbuciar e depois a articular as primeiras palavras. O vocábulo mãe é o primeiro dito na mais tenra infância. A sílaba ‘ma’, dizem os linguistas, está presente na palavra que designa mãe em quase todas as línguas faladas no mundo.


Não nos sentimos necessariamente deslocados em paisagens estranhas, nas cidades de arquiteturas imprecisas, onde habitam povos diferentes. Há uma forma de definir as coisas, de falar e enunciar juízos que são próprios de cada linguagem que reuniu os sons articulados e modificados ao longo da sua história. Podemos ser exímios falantes de uma língua diferente da nossa mas algo sempre nos dirá que somos estrangeiros.

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