Fernando Pessoa dizia que sua pátria era a língua
portuguesa. As primeiras palavras ouvidas por uma criança começam a construir
seu mundo emocional e vai ser nesta língua que ela vai compreender a realidade
e viver os sonhos. Falar outra língua que não aquela que construiu a infância é
como penetrar em território estranho. Por mais que dele se tenha intimidade
algo permanece distante, talvez inalcançável.
Podemos aprender a pensar em outra língua mas nela os sonhos
são raros. Há uma linguagem na qual sonhamos e será sempre aquela na qual
aprendemos a balbuciar e depois a articular as primeiras palavras. O vocábulo
mãe é o primeiro dito na mais tenra infância. A sílaba ‘ma’, dizem os
linguistas, está presente na palavra que designa mãe em quase todas as línguas
faladas no mundo.
Não nos sentimos necessariamente deslocados em paisagens
estranhas, nas cidades de arquiteturas imprecisas, onde habitam povos
diferentes. Há uma forma de definir as coisas, de falar e enunciar juízos que
são próprios de cada linguagem que reuniu os sons articulados e modificados ao
longo da sua história. Podemos ser exímios falantes de uma língua diferente da
nossa mas algo sempre nos dirá que somos estrangeiros.
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