Existe a angústia de que são vítimas os escritores e também,
em maior ou menor grau, todos os que exercem uma atividade criativa. Vem com a
ansiedade após o fim de um trabalho, sensação por muitos comparada a um parto, um
sentimento de vazio depois de um grande esforço a que se junta o medo de nunca
mais ser capaz de escrever alguma coisa que valha a pena. A vida perderia o seu
sentido.
Talvez seja por isso que os escritores costumam beber tanto.
A impressão da impotência da infertilidade conduz à desorientação. Norman
Mailer dizia que quando não escrevia embriagava-se diariamente e é dele a
afirmação de que ficar muito bêbado era uma forma de se matar, com a vantagem
de que você morre mas acorda vivo no dia seguinte.
Os biógrafos de Ernest Hemingway dizem que era assim que ele
se sentia depois de terminar cada livro. A obra prima “O Velho e o Mar” começou
a ser escrita durante uma dessas crises. Com a luta solitária de um velho
contra um monstro do mar profundo, ele quis provar a si mesmo que não seria
derrotado pela agonia. Há quem acredite que seu suicídio, em 1961, foi diante
da desesperada convicção de que não seria capaz de voltar a escrever.
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