A fera humana ocupa o vértice do poder entre os seres vivos.
Dominou todos os outros, organizou-se em tribos, cidades e países, garantiu a
sobrevivência da sua espécie. É a única que mata por prazer e encontra-se em
conflito permanente consigo mesma. O homem é o único animal que ama e é capaz
de assassinar a quem ama. Por ciúme ou porque num átimo é capaz de transformar em
ódio o amor que se dizia imortal.
Assassino em massa, genocida, capaz de torturar outro homem
e conceber o horror, inventou Deus acreditando que bondade e onipotência eram a
sua própria semelhança. Desesperado, acossado por medos imaginários, foi capaz
de desenvolver a ciência e a filosofia para tentar entender a angústia que o
persegue. Consciente de viver num planeta isolado do universo, olha para o céu
à procura de sinais de vida no cosmos. Não consegue se libertar de seus
fantasmas.
Mergulhado na escuridão da própria alma, olha em volta e
enxerga ameaças no mundo, no próximo, na natureza e no caos. De todas as suas
criações, tem orgulho das máquinas de guerra. Cultua a obsessão de matar, de
comer animais mortos e escravizar outros bichos. Procura em vão e
desesperadamente a beleza da paisagem e quem sabe sequer da poesia na terra de
ninguém.
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