As cidades são organismos vivos, mudam com o tempo até
ficarem irreconhecíveis. Quando
voltamos, depois de prolongada ausência, é difícil reconhecer o lugar
onde nascemos. A paisagem da infância desapareceu, os edifícios são outros, o
trânsito complicou-se, as pessoas são estrangeiras. Para Drummond, sua Itabira
tinha se transformado apenas num retrato na parede. Mas como doía.
Os novos bairros trazem nova gente, os antigos envelhecem junto
com o povo que neles vive. O centro das cidades costuma também se mudar de uma
região para outra e deixa velhos prédios abandonados. Os ricos cada vez mais se
afastam e levam seu próprio conforto para recantos mais aprazíveis.
As mudanças no centro do Rio vão mais uma vez mudar sua
paisagem. Quem voltar daqui a alguns anos não vai reconhecer as novas ruas, os
novos meios de transporte, as novas construções, o mar redescoberto. Os lugares
serão diferentes. A Praça Mauá, deteriorada e triste, ressurge como se fosse outra,
lembrando à cidade que ela nasceu às margens de uma baía que lhe deu o nome
porque pensaram que era um rio. O Rio havia esquecido a vocação do mar.
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