Existem alguns loucos oficiais por aqui, alem de Marquinhos
parado na calçada ouvindo seu velho rádio silencioso. Há o velho raivoso de
expressão feroz e a mulher que anda sem parar durante horas dando voltas no
quarteirão. E o dono do pássaro que desfila vagarosamente com a ave empoleirada
em sua cabeça. Alem de outros loucos anônimos que olham para o chão, ausentes
de tudo, procurando passar despercebidos.
Mas é uma tranquilidade aparente, emoldurada pelo bom tempo
que antecede os meses de verão selvagem. O bairro desperta no calor e mostra a
sua verdadeira face sob a constante invasão de turistas estrangeiros e toda a
multidão despejada nas estações do metrô. Começa então o tempo verdadeiramente
louco, crescem as estatísticas dos crimes cometidos pelos homens uns contra os
outros, o tráfico, a prostituição nas ruas, o trânsito agressivo. O calor
revela o que repousava adormecido nos meses de tempo ameno, descuidado e bom.
Nenhum comentário:
Postar um comentário