A sensação de sentir-se prisioneiro é causada pela
impossibilidade de se levantar, ir ao banheiro ou conhecer o ambiente que nos
mantem isolados. É proibido sair da cama. Os aparelhos que monitoram os sinais
de vida apitam a cada dois segundos. Se você não estiver dopado, dificilmente
dormirá durante a noite.
O salão é grande e dividido por cortinas em pequenos
compartimentos individuais. Não dá para saber quem está preso nos outros
espaços e apenas uma velhinha, lá do outro lado, no canto do salão, olha para
mim atenta e demoradamente.
As enfermeiras não param de falar, conversas soltas que nada
têm a ver com o que fazem naquele lugar. Uma delas diz à outra, durante a
madrugada, que o paciente à minha direita caiu de um poste e quebrou a medula.
Em intervalos, alguem se aproxima, faz você tomar algum remédio ou lhe aplica
uma injeção. A noite é muito longa, a madrugada traz enfim um pouco de silêncio
no qual se ouve cada vez mais alto o apito dos aparelhos, irritante aviso de que
você permanece vivo.
Um comentário:
O que houve com você? Aqui, estou com papai há 23 dias na UTI :(
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