No meio de velhos guardados, encontrei um caderno antigo, do
tempo em que servi ao Exército. São páginas escritas com a minha letra, mas eu
não me lembrava mais daquelas anotações. Elas misturam a descrição de armas de
guerra com esboços de poemas que devo ter escrito durante as aulas que nos
apresentavam à tecnologia desenvolvida para matar.
O FM Madsen tem uma velocidade de tiro de 184 mts por
segundo e sua caixa da culatra está dividida em caixa, tampa, suporte da
coronha, portinhola e guarda-mato, diz uma anotação. E, ao lado, estes três
decassílabos: “o mar que conduzimos nos
sentidos/desde gélidos pássaros feridos/às coisas animadas que nós somos”.
Na mesma página da minuciosa descrição de um Lança-Rojão,
arma tática da Cavalaria, a tradução que devo ter feito, durante a aula, de um
poema de Paul Eluard: Eles ignoravam que
a beleza do homem é maior do que o
homem. Eles viviam para pensar e pensavam para calar. Eles viviam para morrer e
continuavam inúteis.
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