Vem de longe a angústia do homem à procura de Deus. Por
volta do século XI, uma onda de misticismo gerou o movimento de milhões de
peregrinos na direção de Santiago de Compostela. Alguns séculos antes, o bispo
de Compostela precisava de dinheiro para a construção de uma igreja e divulgou
a lenda de que o apóstolo estava enterrado lá, no pedaço de terra que apontava
para o Atlântico e era conhecido como Finisterra, o fim da terra.
Enquanto a história se espalhava e as multidões acorriam a
Compostela, cidades surgiam pelos caminhos e uma delas foi Rocamadour.
Entalhada nas rochas de calcário, construída em torno da montanha e acessada
através de ladeiras íngremes e formidáveis escadarias, Rocamadour testemunhava
a adoração de Deus pelos peregrinos que passavam em hordas por aquelas paragens
da França .
Rocamadour está lá, até hoje. As hordas continuam chegando,
nem sempre crentes, a maioria para admirar as construções assombrosas. A
indústria do turismo fez da cidade um produto de extraordinário sucesso. O
intenso comércio de souvenires, o preço do bilhete dos elevadores para evitar
as escadarias erguidas pelos peregrinos e a imaginação dos comerciantes fazem
da cidade um enorme caça-níquel, fiel à tradição inaugurada pelo esperto bispo
de Compostela.
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