Os loucos olham sem surpresa para o mundo.
Seus olhos miram profundamente para dentro de si mesmos e não para o mundo
exterior que lhes parece ilógico e absurdo. Mergulhar no fundo da loucura faz
descobrir a essência do que não conhecemos, embora seja lá onde se encontra a vida
que foge quando dela nos aproximamos.
Existimos como se fossemos o sonho de um
gigante adormecido. Deus. A vida seria uma ficção porque nela tudo se
transforma, adormece e muda. Só os loucos têm a certeza de que certas paisagens
que se revelam são sinais de outra vida, paralela a esta que vivemos,
contornada por dimensões desconhecidas. E onde habita a morte, que só existe porque existe a
vida.
Andar sob a claridade e nela avistar a
escuridão que toda luz traz consigo. O pensamento estanca diante de uma parede
opaca impossível de atravessar mesmo na fantasia de um sonho. A realidade
intercepta a possibilidade de viver além das fantasias delirantes da memória e
da ilusão do presente.
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