quarta-feira, 13 de junho de 2018

O mergulho




A escuridão sem pontos de fuga, ventanias que acompanham todas as doenças da alma. O momento da vida em que vivências degeneram em sofrimento, batidas descompassadas de tambores idiotas a chamar para festins inexistentes. A busca da embriaguez perseguida pela lucidez que teima em não te abandonar. Chegou a hora. Partir na direção do caos.

Entender o âmago do sofrimento, iluminar a noite de sombras, mãe dos pesadelos. Freud. E segues para o mergulho. Uma criança perdida naquela escuridão sem fuga, demônios, tragédias sem sentido seguem o tempo no qual desabam sentimentos e as primeiras lágrimas da vida começam a brotar no ventre da mãe, no nevoeiro, orvalho que se transforma em granito.

Muito tempo depois o velho vira-se para o passado. Procura recordar o mergulho, entender onde e quando foi que as amarras se soltaram mas tem medo do sofrimento. Volta a cabeça, cospe, bebe e uma vez mais pretenderá enxergar os horizontes.



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