A escuridão sem pontos de fuga, ventanias
que acompanham todas as doenças da alma. O momento da vida em que vivências
degeneram em sofrimento, batidas descompassadas de tambores idiotas a chamar
para festins inexistentes. A busca da embriaguez perseguida pela lucidez que
teima em não te abandonar. Chegou a hora. Partir na direção do caos.
Entender o âmago do sofrimento, iluminar a
noite de sombras, mãe dos pesadelos. Freud. E segues para o mergulho. Uma
criança perdida naquela escuridão sem fuga, demônios, tragédias sem sentido
seguem o tempo no qual desabam sentimentos e as primeiras lágrimas da vida
começam a brotar no ventre da mãe, no nevoeiro, orvalho que se transforma em
granito.
Muito tempo depois o velho vira-se para o
passado. Procura recordar o mergulho, entender onde e quando foi que as amarras
se soltaram mas tem medo do sofrimento. Volta a cabeça, cospe, bebe e uma vez
mais pretenderá enxergar os horizontes.
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