Enquanto escrevo a violência e o desastre espalham
desumanidade e espanto, uma criança assassinada é lançada no abismo. Viveu
breve momento num século obscuro, num país injusto, torpe, cercado por feras invasoras
do espaço da vida. Não há sombra de estima entre os iguais. Apenas labirintos.
A brutalidade está próxima dos universos subjetivos, não
existe música na existência e o que virá se anuncia com mais violência no
torpor do mais escuro silêncio. Nada se diz e seus sinais constroem pesadelos.
Escrevo sobre sonhos em busca de inexistente beleza. Pressinto
a silhueta do real e recuso a terrível expressão das suas ameaças. Preciso
recusar a poesia e seu ritmo inconstante, inconsútil. O real faz sombra às
fantasias, em breve estarei condenado a encará-lo de frente e abandonar a fuga.
Nenhum comentário:
Postar um comentário