Fugitivos de presságios,
fantasmas, alucinações, os passos vindos da noite ecoam nas manhãs. Desde a
infância dos homens o temor da escuridão representa cegueira, perdição e
fronteiras fechadas para rotas de fuga inalcançáveis. O desespero dessa solidão
conduziu o homem à procura de Deus, nos albores da sua história.
Fugir da escuridão em
busca da luz criou a adoração do Sol, a primeira divindade, sublimação do
resgate após uma noite sombria e absoluta. E a metáfora de um único dia como
representação da vida: o nascimento como os raios de uma aurora sangrenta, a
manhã radiosa e o entardecer da velhice anunciando a chegada da mortalha da
noite.
A comparação entre morrer
e dormir assinala a busca de entender o ciclo da vida em seu final. O corolário
dos sonhos como franjas de felicidade em uma vida paralela e dos pesadelos como
representações do horror que nos assombram. Após vencer as madrugadas, outro
ciclo de vida recomeça, repete os dias e conduz na direção do eterno e do
finito.
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