O grasnar intenso da gaivota atravessa as cores de uma
aurora vermelha acentuada de pincéis dourados. As águas do velho rio têm a cor
de chumbo emoldurando o tempo dos edifícios nas duas margens que se defrontam.
São duas cidades, uma de frente para a outra mas parecem e são apenas uma só,
engrandecidas quando somam seus habitantes e a própria história que se perde no
tempo.
São meses de verão, estes de agora. O calor é mais ameno,
diferente daquele vivido em dezembro e no tempo do carnaval do Rio de Janeiro. Aqui
se vive temperaturas opostas e o frio de dezembro faz lembrar a diferença dos
trópicos. Nestes dias de agora, a presença do sol, o céu sem nuvens e a magia
de uma cidade também atrai o povo de outras partes do mundo para a festa da
vida.
O expatriado recorda outras paisagens que se confundem com
esta agora vivida. Todas elas se juntam e se transformam numa viagem a cumprir
suas etapas, investigando seus tempos, a explorar seus voos e mergulhar em seus
abismos. Assim como estas gaivotas ribeirinhas grasnando no amanhecer desta
cidade tão antiga como os confusos pensamentos humanos e tão bela como as cores
dos seus labirintos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário