Convivemos com nossos mortos. Lembrá-los é uma maneira de mantê-los
vivos na nossa vida. A memória deles nos ajuda a evitar a despedida que sabemos
eterna. Enquanto envelhecemos aumenta a quantidade dos amigos e dos mais
próximos, amantes e conhecidos que partiram antes de nós. Teu
pai morreu, teu avô também, em ti mesmo muita coisa já expirou, outras
espreitam a morte, nos lembra Drummond em seu poema de passagem de ano.
A dor da lembrança e dos instantes
perdidos estará sempre conosco enquanto vamos a ficar cada vez mais sozinhos. A
solidão da vida presente na lembrança dos nossos mortos. Eles vão nos
acompanhar para sempre. De repente um rosto, uma gesto, uma palavra vai nos
trazer a imagem de alguém que um dia nos acompanhou num breve espaço da nossa
existência.
Aprendemos a lidar com a morte pela
dificuldade de entender o amor e seu desejo de ser eterno enquanto sabemos
pouco, muito pouco sobre a vida. Nada esperamos de paragens desconhecidas, de
seus traços e da ausência que transporta consigo apenas a dor e seus contornos
indefinidos.
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