quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

O amor



Depois de mais uma separação das muitas mulheres que amou, Doka me disse que não precisava dela para ser infeliz. O que não disse foi o que eu já tinha visto mais de uma vez, a profunda tristeza que lhe provocava o fim de cada romance. Ninguém se une a outra pessoa para uma ligação provisória, o amor traz sempre consigo e em suas voltas a aspiração do infinito.

Toda paixão é para sempre, dizia Doka, ninguém se apaixona imaginando o amor com data de vencimento. Mas algo existia que acabava por liquidar os amores eternos e o sentimento profundo voltava ao chão das coisas banais, às vezes se transformava em mágoa e ressentimento.

Divagando, bebendo e expressando seus pensamentos, Doka parecia falar para si mesmo. Acompanhei algumas das suas paixões definitivas. Eu sabia que provavelmente não iriam durar muito tempo, mas Doka se entregava inteira, apaixonada e profundamente. Até descobrir que não precisava de ninguém para ser infeliz.

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