Depois de mais uma separação das muitas mulheres que amou,
Doka me disse que não precisava dela para ser infeliz. O que não disse foi o
que eu já tinha visto mais de uma vez, a profunda tristeza que lhe provocava o
fim de cada romance. Ninguém se une a outra pessoa para uma ligação provisória,
o amor traz sempre consigo e em suas voltas a aspiração do infinito.
Toda paixão é para sempre, dizia Doka, ninguém se apaixona
imaginando o amor com data de vencimento. Mas algo existia que acabava por
liquidar os amores eternos e o sentimento profundo voltava ao chão das coisas
banais, às vezes se transformava em mágoa e ressentimento.
Divagando, bebendo e expressando seus pensamentos, Doka parecia
falar para si mesmo. Acompanhei algumas das suas paixões definitivas. Eu sabia
que provavelmente não iriam durar muito tempo, mas Doka se entregava inteira, apaixonada
e profundamente. Até descobrir que não precisava de ninguém para ser infeliz.
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