Sombras esquisitas, sons disformes, figuras estranhas numa
noite como todas as outras mas contudo diferente. Há uma super lua nos céu com aparência
de estrela morta há milênios, antes mesmo de se formar a via láctea onde
nasceram os planetas sem luz. Corpos celestes escuros onde a vida depende do
calor de fontes que deixaram há muito de existir.
Os viventes aspiram o ar viciado da noite com a respiração silenciosa
dos enfermos. Há um tédio enorme em todas as manifestações da vida e este silêncio
vem acompanhado da fúria que as nuvens escuras anunciam. Animais se movimentam,
homens se protegem, a noite em que dormem os pesadelos mais uma vez se estende
sobre o dia.
Qual a origem dessas sombras, a criança pergunta a si mesma
em pensamentos inquietos e lança o olhar sobre a planície dos sonhos, onde o
vento sempre antecede as tempestades. Neste silêncio ouve-se o roçar das
esferas que habitam o espaço infinito. Os bichos escondem-se nas mesmas nuvens que
cobrem os corpos inermes atormentados pela fúria da noite, prenúncio sombrio do
inesperado choque das manhãs.
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