Entro no taxi e o motorista diz que sou o primeiro
passageiro em mais de três horas. Rodava o tempo todo vazio, revoltado, pois ao
fim do dia teria de pagar a diária. Às vezes trabalhava o dia inteiro só para
pagar essa diária. E os passageiros rareavam.
Depois disse que era formado em administração de empresas,
tinha sido gerente de banco até ser demitido, há dois anos. Não tinha
conseguido se recolocar. E o trânsito da cidade estava cada dia pior,
miserável, desumano.
Tem uma filha portadora de deficiência, ela precisa de
tratamento e cuidados e os hospitais públicos estão abandonados, nem médico
bate ponto neles. E disse que às vezes dá vontade de quebrar tudo. Pedi que
parasse na esquina, paguei acima do que marcava o taxímetro, entrei no botequim
e pedi uma bebida forte.
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