Os escritores têm um fantasma que os assombra ao fim de cada
livro, de cada texto: o de terem secado,
tornando-se incapazes de voltar a escrever. O ofício literário é cansativo, um trabalho
braçal, se permitida a metáfora. Muitos terminam sua tarefa – romance , conto,
poesia – num tal estado de fadiga mental e emocional que chegam a passar muito
tempo sem nada produzir.
João Antonio não escondia o mau humor quando lhe cobravam o
próximo livro. “’É porque não sabem o trabalho que dá”, dizia. Hemingway tinha
tal medo de secar que, dizem, quando realmente secou e teve consciência disso,
matou-se com um rifle de caça. Rimbaud, certo dia, ainda muito jovem, parou de
escrever e viajou para a África, onde se dedicou a vários negócios estranhos e
só voltou para morrer. Mas deixou para trás uma poesia definitiva na literatura
mundial.
Talvez por isso o alcoolismo seja tão frequente nos
escritores. Entre tantos outros, os
americanos Jack Kerouac, Raymond Chandler, Charles Bukowski, Jack London, Scott
Fitzgerald, Edgar Allan Poe, Faulkner e o próprio Hemingway foram todos alcoólatras
atormentados por essa estranha maldição.
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