Neste espaço evito falar de política porque prefiro o olhar sobre
o que é humano e não me é estranho. Concentro-me no meu bairro, num espaço ainda
menor, demarcado por poucas ruas e alguns botequins onde vou para beber,
refletir e procurar entender o mundo e o tempo contraditório em que vivemos. Mas as manifestações políticas que agitam o
país desde junho, e dizem que não são políticas, surpreendem porque negam a si
mesmas. Há muito não havia tanta agitação política.
A diversidade de temas, exigências, reivindicações,
acusações e gritos dessas passeatas me levam a pensar sobre a origem dessa
inquietação. A internet, que concentra as conquistas das grandes mudanças provocadas
pela tecnologia, está desorganizando o pensamento doutrinário que o establishment de todos os países via como
se fosse a organização ideal da sociedade.
Na longa e dolorosa viagem do homem em busca do conhecimento,
a invenção do tipo móvel, por Gutemberg, há
quase seiscentos anos, foi um salto tecnológico que mudou o mundo. Seu impacto
conduziu, muitos anos depois, ao iluminismo do século XVIII, o século das
revoluções.
Agora, estamos novamente vivendo um tempo de mudanças e um
novo salto tecnológico traz consigo impactos revolucionários. Muita água vai
rolar. Só não sabemos - ainda - em qual direção.
Um comentário:
Na direção do mar, Celso. Sempre na direção do mar. E nele se afoga...
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