Ronaldo foi um homem risonho e tranquilo, de bela estampa, olhar agradável e tez amorenada
como se vivesse o ano inteiro no verão de Cabo Frio. Seu apelido - “marcha lenta” - ironizava a maneira sincopada
que tinha de falar, onde se percebia sempre um toque de sabedoria.
A lentidão no falar tinha origem, diziam, no hábito de fumar canabis. Mas ele costumava
inventar também novas formas de beber. Um dia, apareceu com a inusitada combinação
de maçã verde e champagne, que se revelou interessante a todos que experimentamos.
Trouxeram-me a notícia da sua morte no mar. O corpo foi
descoberto na manhã de dezembro, indo e voltando, ritmadamente como sua fala, na
altura da arrebentação das ondas da Praia Grande, em Arraial do Cabo.
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