Um dia como os outros, o sol morno exibe-se
no céu bem azul e existe alguma alegria no riso das raparigas que se espalha com
o vento. O barulho dos automóveis disfarça o ladrar de cães ocultos em algum
lugar atrás dos muros. Há também o choro irritado de uma criança transformando
o dia.
O velho afasta-se da esquina enquanto a
brisa levanta o pó confuso das memórias e de alguns momentos do presente
inútil. Há música na distância, tambores de um samba sem ritmo, pimba, o soar
de metais nos instrumentos que esgarçam todas as harmonias perdidas em algum
lugar escuro das lembranças.
E aquele vento traz consigo lamento, dores
e tormentos vividos como se fora o sangue de animais sacrificados. Uma pedra também
sangrenta aflora dessas imagens doentias e o velho, abrigado pela sombra,
silenciosamente pensa na morte e em todas as despedidas.
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