L'Ange du Lazaret, Marc Petit, Cahors
Sem perdão, o anjo
decaído vaga do lado de fora dos portões do Paraiso. Do lado leste, onde
pássaros estranhos, escuros, rondam os passos notívagos dos condenados. Em sua
volta eles voam, grasnam, levantam as asas e misturam sua penas com a linha de
um horizonte onde as sombras se levantam e cobrem as primeiras manchas tingidas
da aurora.
O rumo das serpentes,
a viração doentia de um vento úmido prenunciam enchentes, destruições e
palavras sem sentido de sacerdotes cegos de fúria clamando arrependimento. Só
restam traços da caminhada em fuga da vingança.
Anjo negro destituído
de aura, feio, olhos ausentes, rosto encovado dos vampiros, exibindo sua
angústia do lado de fora das igrejas, mendigando nada. Traz consigo só
meditação sombria, eterna indagação sobre o destino das coisas intangíveis e a
surpresa dos que foram desprezados às margens do Aqueronte.
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