Aves mortas penetram no sono da criança. Ela se move entre
os pequenos corpos imóveis de penas suaves agitadas pelo vento. Depois há um
tigre com estrias vermelhas e olhos de fogo incandescente. A criança olha em
torno e volta-se para o arco-íris colorido. Mais uma vez o vento se transforma na
tempestade de tons negros, cinza e bordas escarlates.
As cores se transformam também nas sombras que avançam vindas do horizonte e toda a paisagem se move
na direção de um lugar que não existe. Somente o pensamento aproxima esta
paisagem da vida que vai nascer em algum lugar distante, úmido de chuva,
sombrio como a noite das paragens frias.
E mais uma vez renasce o desejo de ver o voo dos pássaros
inertes que atapetam o chão com penas movidas pelo vento. Os outros animais
aproximam-se lentos, curiosos, amedrontados. Ignoram o significado de tudo, o
chão de vidro assume a opacidade dos ventos e a criança, uma vez mais, tenta
vencer o assomo de lágrimas intensas e da noite que nunca mais terminará.
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