Depois de algum tempo em que desfilou de terno branco e
gravata, compenetrado e pensativo, Marquinhos surtou. Estava ontem na esquina
de Barata Ribeiro com República do Peru. Sujo, barba a fazer, olhos
esbugalhados, fones nos ouvidos escutando o rádio mudo que carrega nas mãos.
Tentava organizar o trânsito confuso de Copacabana. Em sua
linguagem confusa, xingava motoristas e quem atravessava a rua. Bem de perto do
rosto delas, jogou com as duas mãos, ocupadas com o rádio, beijos para as moças
fantasiadas que se dirigiam para algum bloco desses que desfilam por toda esta
semana. Elas correram assustadas. Quem o conhece do bairro, ria. Os outros
mudavam de calçada; alguns, como as duas moças, corriam amedrontados.
Fiz a foto, fui ao bar, pensei como é dificil separar a
lucidez da loucura e como uma se confunde com a outra. Marquinhos, louco, expressava
seu desejo de ordem para melhorar a vida de todos. Expressava também sua ternura
atirando beijos a pessoas desconhecidas e todos procuravam evitá-lo.
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