O título – Minha Felicidade – pode enganar o espectador,
como as duas velhinhas que foram embora depois de vinte minutos de filme. Não
suportaram a história contada pelo ucraniano Sergei Loznitsa, crua e sem
qualquer sombra de esperança. Uma história de corrupção, miséria e
desumanidade.
Um país mergulhado em crise profunda não tem possibilidade
de futuro, parece nos dizer Loznitsa. Num tom realista que muitas vezes parece
um documentário, a saga vivida pelo camioneiro Georgy se cruza com outras
histórias igualmente tristes e violentas. Nelas não há espaço para nada
parecido com solidariedade, compaixão e muito menos felicidade. O homem é o
lobo do homem.
A ironia do título violentou a sensibilidade das duas
velhinhas, que talvez esperassem uma comédia romântica açucarada à moda de Hollywood.
Mas o filme expõe o contrário, sem qualquer concessão. Este é o mundo, diz. E
esta é a felicidade possível.
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