O garoto que pôs fogo no apartamento em frente tinha
dezessete anos. Morava com a mãe viuva que se negou a lhe dar algum dinheiro
para comprar drogas e ele cumpriu a ameaça de incendiar a casa. Na madrugada, os
vizinhos acordaram com a sirene dos bombeiros, a rua de repente se encheu de
gente.
Copacabana é um bairro onde se desenrolam esses dramas –
grandes ou pequenos – típicos da tragédia urbana. Como o do pai proibido de ver
a filha por ação da ex-mulher nos tribunais e que vai todo dia, clandestinamente,
esperá-la na porta da escola e a leva até o ponto de ônibus. O tiroteio nas
favelas do bairro e suas vítimas inocentes, crimes passionais, balas perdidas.
Episódios do cotidiano. Solidão dos dias, depressão dos
velhos, meninos arrancados da vida. Os turistas, alegres, não percebem que há
sempre um travo de violência e de tristeza no ar. As grandes cidades reúnem
limites que ainda não foram alcançados pela imaginação de quem se dedica a escrever
histórias.
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